quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Meu pesadelo sobre felicidade

   Algo saiu meio errado, eu estava na chuva e dessa vez sem medo de me molhar. Eu não estava pensando direito, mas não me importei nem em pegar o guarda-chuva. Chovia muito por sinal, mas eu sorria. Existia algo em mim que me alegrava profundamente. Algo estava errado. Algumas ruas estavam alagadas e eu não queria saber quais eram, eu seguia meu caminho, somente com um sorriso no rosto. Qualquer um que passasse veria uma certa ironia estampada nos meus olhos, mas de fato eu estava bem, mesmo naquela situação. Eu não tinha com o que me preocupar, eu sorria. O que poderia acontecer de ruim? Estava explícito, eu estava feliz e aquela fulga havia me deixado em sintonia com a alegria que eu não sentia a muito tempo.
   As minhas roupas eram claras, meu cabelo estava solto, eu não carregava nada: bolsa, carteira, dinheiro, absolutamente nada, mas eu estava bem. Por um instante eu gostaria de nunca mais sair daquele ocasional momento, mas uma hora tudo acaba. Percebi que minha felicidade estava acabando, vi um filme passar em minha cabeça. "Será que estou morrendo?" Pensei. Sempre ouvi dizer que quando alguém morre, a mesma vê um filme de sua vida e as pessoas mais incríveis e os dias mais loucos e tudo quanto era bonito e feio se misturam como numa grande onde que estivesse chegando a praia. Quando me dei conta, tinha parado de chover e avistei um cachorro, magro e com o olhar triste, daí ouvi meu nome. "Será Deus me chamando?" Não, não era.
   Ao abrir os olhos deparei-me com um quarto branco, com pessoas de branco, chamando-me para um passeio. Dei-me conta de que estava presa, presa em um lugar que seria quase que um preconceito chamar de "lugar para malucos", mas ali estava eu, apenas em mais um dos meus pesadelos casuais e necessidades reias.
   O por que desse lugar eu, sinceramente, não sei, mas quando me sinto presa é como se manipulassem minha mente, meu corpo, minha felicidade. Somente em meus "pesadelos" eu realmente encontraria a verdadeira felicidade.

Rio de Janeiro, 15 de Dezembro de 2010

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